sábado, 25 de outubro de 2008

Aos 7 anos de idade eu entrei na escola no vai-vem na Brejaúba em cipotanea, escritos biográficos de uma cipotaneana do S. Caetano do Xopotó

Meu tempo de crianca

Vou comecar pelos meus 3 anos de idade, foi dai que comecei saber as coisas. Me lembro que minha mae se sentava em um banco, na varanda de nossa casa, todas as tardes e me dava de mamar em seu seio materno. Ainda me lembro que eu jogava as perninhas para o ar.

Passado uns tempos aconteceu que minha mae sumia todas as noites, mas era ai que ela estava me desmamandoi. Meu pai e minha irma mais velha diziam que ela tinha ido dormir na cidade, mas era mentira. Eles ficavam horas da noite, brincando comigo, queimando teias de aranha pelas cantos da casa, com lamparina de querosene e me dava café com bolacha, até que eu dormisse de novo. De manha, a minha mae aparecia, ela havia dormido no quarto de hospede. Na outra noite acontecia a mesma coisa, até que eu esqueci de mamar.

E aí eu fui crescendo, me lembro que sempre à noite, a minha irma mais velha me pegava no colo, jogava uma coberta por cima de nós e ficava contando historias e lorotas para mim.

Meu tempo de infancia

Aos 7 anos de idade eu entrei na escola: foi assim: A professora era quase nossa vizinha, um dia ela foi passear em nossa casa e eu disse para ela que queria ir à escola.
Ela respondeu que podia e falou o dia que eu podia ir. E, eu, sem nunca ter visto uma sala de aula, fui com outras criancas vizinhas maiores. Era uma unica professora para dar aula para primeira, segunda e terceira series juntas.

Chegei na escola levando um livro velho emprestado, a professora comecou me ensinando ler as letras do alfabeto. As aulas comecavam as 10 horas da manha e terminava as 2 horas da tarde. Dentro deste horário talvez a gente tomava água, isto è, quando o aluno nao era muito timidoi e tinha coragem de pedir a professora para ir lá no brejo tomar água.

Ao término da aula, deste primeiro dia, eu já conhecia todas as letras, e ai fui, com um mes eu já sabia ler, escrever e contar.
No final do ano fui promovida p ara o segundo ano com a nota “10” que era a maior da epoca.
Em todos os finais de ano a professora fazia festa para os alunos, sendo assim o exame final, ou melhor, a avaliacao final da aprendizagem.
Aconteceu, que neste dia eu amanheci doente, com febre, a minha irma me levou a escola carregada nos bracos, eu li a licao diante de alguns homens, a mando da prefeitura de Alto Rio Doce, pois, nesta época, Cipotanea pertencia a prefeitura de Alto Rio Doce.

Fiz continhas no quadro, recitei poesias, apesar de estar tremendo de febre, mas, eu gostei, porque foi ai que eu fui calcada com umas sandalinhas, porque estava doente.

Entre todas as alunas eu era a menor, ao termino do recreio, todos os dias, a professora mandava que fizessemos duas filas, uma dos meninos e outra das meninas, para cantarmos o Hino Nacional. Comecava a fila com os alunos menores na frente, eu era sempre a primeira da fila.

Durante o recreio todos os dias, a gente brincava muito, porque naquele tempo nao havia merenda nas escolas, a nao ser que cada um levasse a sua, mas isto nao acontecia com todos.

Tinhamos uma brincadeira que era chamada de: (Margarida) comecava assim: as meninas maiores me colocava no centro, ( eu era a Margarida) e todas se colocavam em minha volta, de modo que ninguem me via, as meninas eras as pedras do muro que nao deixava ninguem ver a: (Margarida).
Ficava uma menina andando em volta e cantava assim:
(Quero ver a Margarida, olê, olê, olá, quero ver a Margarida, olê seus cavalheiros).
As meninas que estavam me protegendo respondia assim:
(Mas o muro è muito alto, olê, olê, olá, mas o muro è muito alto, olê seus cavalheiros).
A menina que estava de fora tirava uma das meninas que estava protegendo a (Margarida) e cantava:
(Tirei uma pedra, olê, olê, olá, tirei uma pedra olê seus cavalheiros).
As outras respondiam:
cuma pedra só na abate, olê, olê, olá, uma pedra só nao abate, olê seus cavalheiros.)
E assim iam tirando duas, tres, até que a ( Margarida) aparecesse e cantavam juntas:
(Margarida apareceu, olê, olê, olá, Margarida apareceu olê seus cavalheiros.)
E todas juntas me levantavam para que eu batesse palmas no ar, e cantavam juntas:
( vamos fazer a festa dela, olê, olê, olá, vamos fazer a festa dela olê seus cavalheiros.)

Tinhamos também uma outra brincadeira que era assim: uma menina maior ficava sentada com todas as meninas juntas, esta era a rica. Outra menina também maior ficava sentada sozinha, era pobre. A pobre cantava assim:
(Sou pobre, pobre sou, vou me embora, vou me embora; Soui pobre, pobre sou, vou me embora daqui.)
A rica cantava assim :
(Sou rica, rica sou, vou me embora, vou me embora; sou rica, rica sou, vou me embora daqui.)
A pobre pedia:
(Me dá uma menina, vou me embora, vou me embora; Me dá uma menina, vou me embora daqui.)
A rica perguntava, qual a menina que ela queria e qual o oficio que daria a menina. A pobre respondia: dizendo o nome de uma menina e dava qualquer um tipo de oficio. A rica respondia se gostava oui nao do oficio. E assim as meninas iam passando para o outro lado, até que a pobre ficasse rica e a rica ficasse pobre.

Ainda tinha vários outros tipos de brincadeira como:
(Brincar de roda)
(Pular corda)
(Brincar de esconder, etc.)

Esta unica professora além de ensinar muitos alunos, sozinha, ensinava também as meninas algumas atividades como: bordar, fazer sapatinhos, palitozinhos, bainhas, etc.

Ela gostava muito de mim, porque eu era muito inteligente e também muito obediente. Fiquei na escola até os 10 anos de idade, completei o terceiro ano que era o suficiente da epoca. Depois fiquei mais um ano, só ajudando a professora a ensinar aqueles alunos menos inteligentes, sem ganhar nada e depois sai mesmo da escola, naquele tempo nao existia meios para qualquer pessoa levar os estudos em frente e aí eu fiquei.
Aos 10 anos de idade fiz a primeira comunhao, foi um dia comum, como qualquer outro, me lembro bem, fui descalco porque nao tinha calcados.

Aos 14 anos de idade ganhei a primeira afilhada, fiquei muito alegre, porque era pessoa de fora e ai eu ia arranjar compadre e comadre. Aconteceu que na vespera do batizado, eu tive febre, passei mal a noite toda, tomando chá que minha mae fazia. De manha, antes de eu me acordar, meu pai foi dispensar a afilhada, dizer que eu nao podia ir, quando me acordei e fiquei sabendo, fiquei triste e chorei muito. Mas o pai da menina fez questao de mandar um animall arreada e uma boa companhia, para que eu fosse, estava um dia frio, um pouco chuvoso, pois era final do mes de outubro. Eu nao tinha uma calca comprida e nem uma blusa de manga comprida para me agasalhar, mas fui assim mesmo, feliz da vida.

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